Planeta Sensu

Bem vindos terráqueos cibernautas. Tenham uma viagem sensucional.

quarta-feira, maio 31, 2006

Encadeamento de Ideias

O horário é nobre, a programação não. As audiências são altas, a iliteracia também. A cultura é rica, o povo pobre. Os bancos são ricos, a programação é pobre. A economia é fraca, o governo é incapaz. O país tem história, mas está a perdê-la. O horário é nobre, a literacia é pobre. O país tem história, as mentalidades são triviais.

O Jorge Palma é que tem razão. O José Gil também. Os morangos, esses, destroem em todas as frentes: musical, cultural, social, pessoal. As audiências aumentam, o consumo aumenta. A cultura decresce, as vendas crescem. Portugal não sai do mesmo sítio.

Com um horário nobre tão fraco, como é que o pé se há de desprender da galera? Portugal hoje é assim, há quantos anos assim o é? Será que alguma vez vai ser diferente? O que é que estão à espera? Não tenham medo de existir.

terça-feira, maio 30, 2006

Demasiado Sensacionalistas; Pouco decorosos.

O caldo está entornado, diria mesmo demasiado espalhado. No entanto, não é tarde para o limpar.
Antes de mais, não esqueçamos que este tipo de jornalismo é o preferido dos portugueses e a TVI (Tarecos e Visões Indecentes), o Correio da Manhã (Bloody Maria) e o 24 Horas (é como o primeiro mas em papel), os três menos sensacionais, mas mais sensacionalistas, não se cansam de o pôr em prática. Que poderá ser feito para, quanto mais não seja, os atenuar?
Ou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social observa e corrige mais activamente o comportamento corriqueiro destes e de outros media que, embora mais tenuemente, também o fazem, ou se faculta educação para os media nas escolas, de modo a que a sociedade (nem que se comece para já pelas novas gerações) os consuma mais criticamente e destrince o que é bom do que é mau, o que é verdadeiro do que é verosímil, o que é sério do que são histórias, o que é decente/cívico do que é desrespeito, o que é jornalismo do que é sensacionalismo.
Não é fácil educar um país inteiro para o consumo saudável de meios de comunicação em massa, porém há que começar por algum lado. Vigie-se os media sensacionalistas, através de leis mais pesadas. Eduque-se as pessoas para compreenderem que a informação emanada por medias deste género, não é o mais eticamente correcto e não tem o mínimo de decoro.
O cenário ideal e utópico começaria pelos que são pouco sensacionais mas demasiado sensacionalistas, ao ganharem o mínimo de profissionalismo e ética, deixando de tratar matérias e os acontecimentos de forma espalhafatosa e exagerada, como aconteceu recentemente na escusada transmissão ?Live? do funeral do actor Francisco Adam, ou como acontece diariamente no 24 horas e no Correio da Manhã, com títulos ensanguentado e/ou dramáticos e/ou cor-de-rosa. Tenham respeito pelas pessoas e pela inteligência.
Poderia aplicar a expressão controlar, não o fiz porque poderia induzir num dominar/controlar dos media, regrado pela censura descarada. Também não gostaria de o ser enquanto escrevo este texto. Aos media só peço o mínimo de decência

Capacidade para desempenhar o Quinto Poder?

Poderão os blogues (de cariz crítico e informativo) ocupar o 5º poder? De facto, são um óptimo antídoto para combater os malefícios que contaminam tanto os mass media tradicionais como os outros três poderes: económico, executivo e judicial. Mas será a sua notoriedade suficiente para lhe dar tão alta influência na sociedade?
Ao contrário dos media tradicionais, os blogues permitem a qualquer um criar a sua própria agenda setting, ganhando um papel activo (ao contrário do passivo a que os mass media nos sujeitam) na formação, informação e denúncia, independentemente da censura, influência ou ?conivência? de terceiros (jornalistas e chefes de redacção comprados).
Possibilita também a fiscalização deste e dos outros poderes, denunciando usos desastrosos da deontologia do jornalista, assim como abusos de poder e corrupção dos ministros e demais elementos do estado. Mas há um senão?
Citando Vital Moreira no seu blogue ?Causa Nossa?, a visibilidade pública dos blogues é ainda muito reduzida entre nós?. A sua taxa de penetração na sociedade é ainda muito baixa, não permitindo que o seu poder virtual, seja usado por todos os elementos da sociedade, tanto bloggers como leitores.
Outro senão está na facilidade com que qualquer um cria um blogue. Todos são livres de postar o que quiser, havendo por aí grandes ?blogaberrações? que nada mais fazem do que, criticar tudo e todos, debaixo duma máscara anónima e há também aqueles que só copiam e plagiam. A liberdade facultada pelos blogs (informativos e críticos por cariz) tem de ser usada com seriedade e responsabilidade.
Em jeito de conclusão, os blogues podem ocupar o 5º trono do poder, arrasando a baixa qualidade do 4º na sua maioria (são raras as excepções) e vigiando as tentativas de usos dos outros poderes para fins menos correctos. Só lhes falta um pouco mais de notoriedade e penetração na sociedade para que o seu potencial poder contribua para um estado o mais próximo possível da democracia. Será necessário criar um órgão responsável pela boa qualidade da blogosfera informativa e crítica? Ai limitar-se-ia a liberdade do seu uso. Até onde se deverá limitar? Não sei.